"As pessoas fazem meditação para conseguir um equilíbrio psíquico. É por isso que se faz psicoterapia e análise. É para isso que os seres humanos analisam seus sonhos e criam arte."
CLARISSA PINKOLA ESTES
A proposta é um momento de reflexão sobre si, sobre nossas vidas e como somos impactados pelas questões do dia a dia e de nossas relações.
Não é necessário haver uma questão específica para buscar a análise, assim como fazer análise não pressupõe estar em sofrimento.
Pode-se iniciar pela simples necessidade de compreender a si e aos nossos sentimentos, como somos atravessados pelos acontecimentos e relações.
De forma mais simplista porém didática, a análise é um momento de troca e construção entre analista e paciente, para reestabelecer o diálogo entre os conteúdos conscientes (características, pensamentos, crenças, sentimentos, etc. que a pessoa conhece e se reconhece como portadora, como parte de si) e os conteúdos inconscientes (também características, comportamentos, sentimentos etc. que se referem à pessoa mas ela não os percebe, não reconhece como seus, não identifica sua relação com os mesmos).
O que a psicanálise trouxe como grande contribuição, foi a relação entre aquilo que identificamos como um desconforto/problema em nossas vidas e os conteúdos que estão inconscientes, que se encontram, necessariamente, em conflito com a consciência. Este conflito se manifesta por tanto em desconfortos emocionais, apresentando sintomas psíquicos e por vezes físicos.
Ainda no início do desenvolvimento da Psicanálise, Freud logo notou a importância dos sonhos para acessar os conteúdos inconscientes.
Nesta abordagem, os sonhos seguem sendo um importante instrumento de trabalho. Por estarem fora do controle do ego, os sonhos transparecem e expressam a dinâmica psíquica de maneira complexa e mais ampla do que podemos acessar apenas com nossas percepções, auxiliando neste diálogo com os conteúdos inconscientes.
E é exatamente neste processo que consiste o trabalho psicanalítico: estabelecer um diálogo com os conteúdos inconscientes.
Em análise, buscamos 'trazer à superfície' as diversas dinâmicas, sensações e sentimentos existentes que não conseguimos enxergar ou perceber, principalmente não sozinhos. Assim como afirma Jung em um de seus livros, "a grande infelicidade de nossa cultura é o fato de sermos estranhamente incapazes de perceber nossos próprios sentimentos".
Enquanto negamos algumas partes e aspectos de nós mesmos, estamos nos espremendo, tentando caber em formas de ser, em relações e situações que não condizem com aquilo que precisamos realmente expressar. Fugimos para não encarar aquilo que nos amedronta e incomoda. Muitas vezes, isso se expressa nos sonhos como situações em que estamos fugindo, ou sendo perseguidos, ameaçados, dentre outras situações.
Apesar de nos colocar cara a cara com aquilo que nos aflige, a sensação que vem como consequência do processo de análise é sempre de um bem estar, de estar mais confortável consigo mesmo, com quem se é.
Sensação que vem como consequência da integração de novos aspectos de si que não encontravam lugar e espaço em nossa existência.